Pois
estamos em plenos festejos de San Nicola, o santo padroeiro de Bari (lembram do
post sobre o Papai Noel que escrevi em dezembro? Lá eu contei a história do
Santo, que foi Arcebispo de Mira, na Turquia, e que é venerado por católicos e
ortodoxos). Bari para nestes três dias de festa em homenagem ao seu Santo. Hoje,
dia 9, é o dia da traslazione, isto
é, o dia em que os 62 marinheiros bareses, em 1087, trouxeram o corpo de San
Nicola para ficar definitivamente na cidade.
A festa
dura três dias. Começa no dia 7 com o corteo,
um desfile pelo centro de Bari com a
presença de centenas de figurantes representando a vida do santo, até a chegada
do barco trazendo seus restos mortais. Geralmente
escolhem um diretor de teatro para organizar este evento, fazem testes para
escolher os participantes, confeccionam figurinos, ensaiam, enfim, tentam fazer
uma bela produção, porém para quem está acostumado a ver desfiles de escolas de
samba, o desfile de San Nicola deixa muito (mas muito!) a desejar. No dia 8 a Basílica abre às 5:00 da manhã para
a primeira missa, e até às 13:00 missas são realizadas de hora em hora. Às 6:45
sai a procissão pelas ruas de Bari
Vecchia. Levam o santo, não a passo solene, mas sim dançando e pulando, até
o porto, para a procissão marítima. No fim da tarde ao retornar a imagem, agora
sim em procissão solene, ela é colocada na Piazza
del Ferrarese, na entrada de Bari
Vecchia, e se realiza ali uma grande missa ao ar livre. No último dia, que
é o aniversário da traslazione, depois
de diversas missas, o arcebispo de Bari faz a extração da Manna, o líquido que surge todos os anos no túmulo de San Nicola, e
que é considerado um milagre do santo. Depois, essa Manna será devidamente engarrafada e o vidro adorado pelos devotos.
O final da festa, como não poderia deixar de ser, termina com um espetacular show
de fogos de artifício.
Mas é preciso
dizer que durante a festa a cidade recebe milhares de turistas e peregrinos que
vêm de várias partes da Itália, e principalmente da Europa Oriental, afinal San
Nicola é o santo da união entre Oriente e Ocidente. Da Itália chegam muitos peregrinos
a pé, como um grupo de 82 pessoas que caminhou 450 kms desde Abruzzo. Da Europa
Oriental, em especial da Rússia, os devotos chegam por terra, ar e mar. É uma
verdadeira invasão, hotéis lotados, cidade intransitável literalmente, pois a
polícia fecha ao trânsito Bari Vecchia
(que é o centro histórico) e o Muratiano
(o bairro central que fica fora da
antiga muralha). A língua que mais se escuta é o russo, seguido de outras
línguas eslavas irreconhecíveis. Os vendedores de comida e bebida se espalham
como praga por todo o centro, são as chamadas bancarelle, regulares ou irregulares, não importa, nestes três dias
se come muita sgagliozza (polenta
frita), panzerotto (pastel frito), focaccia barese (a melhor!), espetinhos de carne e de polvo (alguns
duvidosos), e polvo grelhado, tudo regado a birra
Peroni, a cerveja local, considerada por TODOS os bareses a melhor cerveja
do mundo! Quem é gaúcho sabe do que eu estou falando, quem não conhece a Polar?!
A imagem dentro da Basílica
Início da procissão
Concentração para o Corteo
Passagem do Corteo pelo Corso Vittorio Emanuele, centro de Bari.
Todos querem um San Nicola pra levar como lembrança.
Garrafa contendo a Manna de San Nicola (foto da Web)
Vai um espetinho?!