A Pizzica tem sua origem na crença popular de que a picada da tarântula “endemoniasse” a vítima, que geralmente eram jovens mulheres chamadas de Pizzicate (picadas), e só a dança frenética acompanhada pelo ritmo de tamburelli (pandeiros), mais a ajuda de São Paulo e São Donato, eram capazes de livrar a pobre moça daquele espírito maléfico que teria sido colocado dentro dela através da picada da tarântula. A própria Igreja alimentava esta crença, que unia sacro e profano, ao invés de mandar as moçoilas histéricas ao médico, porque na verdade é disso que estamos falando, de ataques de histeria que a crença popular e religiosa preferiam atribuir à aranha e ao demônio (não que alguma vez não tenha realmente havido uma picada de tarântula, deixemos claro). Ao fenômeno da pessoa picada pela tarântula se dava o nome de Tarantismo, e à Pizzica também se denominava Taranta. Só mais tarde transformou-se em dança folclórica, se bem que em algumas partes do Salento foi utilizada como “exorcismo” até a primeira metade do século XX. Existe muita bibliografia interessante sobre o tema, desde o ponto de vista musical, histórico, sociológico, antropológico e até médico. Durante muitos anos a Pizzica, por estar associada ao tarantismo, foi considerada uma forma de atraso cultural do qual muitos se envergonhavam.
A partir do anos 70 a música e a dança foram
redescobertas, e atualmente através de grupos que repropuseram o estilo e
fizeram diferentes releituras, inclusive com a participação de músicos de fora
da Itália como o baterista Stewart Copland, e o músico balcânico Goran Bregovic,
a Pizzica renasce com mais força do
que nunca, e principalmente entre o público jovem.
Esta noite o Salento não vai dormir, vai sim é
dançar muito ao ritmo da Pizzica na Notte della Taranta, o Festival que tem duração de uma semana, e se desenvolve em praças de diversas cidades
salentinas, culminando no Concertone (o
Grande Concerto), que reúne na pequena cidade de Melpignano ao redor de 120 mil
pessoas, e dezenas de músicos italianos e estrangeiros. Este ano o maestro
convidado pra organizar este verdadeiro “ritual” é Goran Bregovic, que passou
toda a semana na região acompanhando as manifestações, e que esta noite estará
no palco de Melpignano regendo L’Orchestra
della Notte della Taranta junto a sua Goran
Bregović Wedding & Funeral Band, e outros grupos balcânicos e
salentinos. E eu, se me animar a enfrentar as duas horas de carro que me
separam de Melpignano, na estrada mega engarrafada que estão mostrando na TV, e
mais os 40 graus de hoje, poderei contar um pouco do que vi.
A dopo!
Denise
Taí a programação
do Concertone de hoje, alguém se
anima?
Concertone
Orchestra “La Notte della Taranta” diretta dal Maestro Concertatore Goran Bregović
Con la partecipazione di
Goran Bregović Wedding & Funeral Band
Tonči Huljić & Madre Badessa Band
Nenad Mladenovic Orchestra dal Festival di Guča
Il Coro delle Mondine di Novi
La Banda Musicale di Racale
Orchestra “La Notte della Taranta” diretta dal Maestro Concertatore Goran Bregović
Con la partecipazione di
Goran Bregović Wedding & Funeral Band
Tonči Huljić & Madre Badessa Band
Nenad Mladenovic Orchestra dal Festival di Guča
Il Coro delle Mondine di Novi
La Banda Musicale di Racale
Assistente musicale del maestro
Goran
Bregović
Ninoslav Ademović
Ninoslav Ademović
Assistenti all’orchestrazione
Mauro Durante e Claudio Prima
Mauro Durante e Claudio Prima
Também deixo este link com a entrevista de Bregovic sobre sua participação no Festival e o link da página oficial da Notte della Taranta:
http://www.lanottedellataranta.it/comunicazioni/news/item/77-bregovic-la-vostra-star-è-la-pizzica.html
http://www.lanottedellataranta.it/home.html
http://www.lanottedellataranta.it/comunicazioni/news/item/77-bregovic-la-vostra-star-è-la-pizzica.html